Gozo

Mais um livro aí do Darian Leader para

seguir com os pensamentos dos últimos posts...

Nesse, a leitura é um pouco mais densa, e por não ser dividido em capítulos sinto que a leitura fica menos facilitada ainda.

Apesar das dificuldades, acho que vale o esforço. Leader procura seguir um eixo sobre o tema ao longo do ensino de Lacan. Inicia ali na década de 50, quando Lacan está trabalhando o estádio do espelho, a imagem do corpo e, pensa em um gozo da imagem corporal naquele instante em que um outro assegura sua imagem em uma totalidade que até então era vivida em partes, o tal do azáfama jubilatório.

Já na década de 60, com a dialética do senhor e do escravo da Fenomenologia do Espírito de Hegel, Lacan irá dar ênfase ao conceito de gozo num campo relacional, ligado a questões de posse e dominação em que há um desfrute de um objeto (próximo da concepção do direito)

E adiante, com o seminário sobre a ética da psicanálise, o gozo é definido numa relação entre desejo e prazer, um além do prazer e do desejo, do qual só se pode ter acesso pela fantasia. O que coloca em perspectiva a ideia de que o gozo seria simplesmente qualquer coisa que uma pessoa goste particularmente de fazer, como pontua o autor fazendo suas criticas aos círculos lacanianos. Leader defende que essa ideia já seria o que foi filtrado pela fantasia e, por conseguinte, exigiria uma diferenciação do excesso que perturbou o princípio de prazer.

Já se encaminhando para o fim do livro, faz suas considerações sobre o tema em relação a repetição e a sexuação. É um livro denso (nem os casos clínicos ou recortes da literatura e do cinema que é um marca do autor dão um alívio) mas com certeza aliado com as leituras de Lacan e outros comentadores dá um norte para as nossas investigações.

Procurei fazer um quadro resumo para auxiliar nessas investigações fazendo essa trajetória em que o gozo está mais voltado para o registro do imaginário (gozo da imagem) até o registro do real (gozo do sinthoma)