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Triste não é ao certo a palavra - Gabriel Abreu

Ultimamente tenho me debruçado sobre os lutos e há um tempo terminei esse livro super sensível sobre a temática. Confesso que a maneira com que o autor narra tal história me ganhou: uma narrativa em que a história da mãe, contada a partir dos seus objetos se cruzam à história que o filho/narrador conta. Tais objetos estão para lá de serem somente documentos de uma história. Esses documentos, vestígios, são também partes que compõem a ficção do próprio filho. Fazendo-o se reencontrar. Um encontro que faz repensar a noção de luto. Como diria Christian Dunker, em seu último livro lançado “Lutos finitos e infinitos”, o trabalho do luto envolve um certo encadeamento, uma perda posterior que convoca a um luto anterior. Em “Triste não é ao certo a palavra”, nos é relatado uma perda em vida - condição proveniente do Alzheimer - seguido da perda pela morte em si. Um encadeamento que rememora, a partir de tais vestígios maternos, lutos do próprio autor. Nessa elaboração, as personagens dessa ficção estão a serviço dessa preservação da memória - Um tempo em que algo que se partiu pode ficar, “um objeto perdido dotado de um novo signo” vivificando a experiência como alternativa possível para sustentar uma realidade sem desmoronar.




Em sua dedicatória ao livro Gabriel Abreu escreve, como  recomendação, que sempre falte uma peça para concluir esse quebra-cabeça. Talvez haja uma dedicação nessa escrita que não estime por um tamponamento desse vazio. Que saibamos fazer com ele.




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